A Luz do caminho
- Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
- 6 de jan. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de jan. de 2024
A luminosidade do Natal do Senhor é plenificada com a luz da Epifania. A teologia desta Solenidade nos ensina que todos os povos de todos os tempos podem experimentar a riqueza do projeto divino-humano do Criador. A narração do Natal não é a crônica de uma história, mas a admiração das testemunhas da grandeza do Mistério. Essas testemunhas não são simples espectadoras de um conto. Elas desejam, envolvem-se e se comprometem a fazer de suas vidas, revelação do mesmo Mistério.
O trecho evangélico não sublinha a atividade interior de Maria, as ações de José, o louvor dos anjos e as reações dos pastores, mas enfatiza a procura e a chegada dos Magos do Oriente na gruta de Belém. É o evangelista Mateus que constrói a narrativa da chegada desses Magos. Além do Evangelho, a piedade popular trouxe outros elementos para a história desses homens: de onde e de que modo vieram, quantos eram e como se chamavam. Diziam que eram reis, três, um da África, um da Ásia e o outro da Europa. Diziam que um era negro, um amarelo e outro branco. Gaspar era o nome do jovem sem barba e colorido. Melchior era o velho de cabelos brancos e barba longa. Baltasar era o homem maduro e de barba cheia. Claramente são símbolos das três idades da vida. Guiados pela estrela diferente, encontraram-se num lugar comum e seguiram juntos o caminho final da viagem até a gruta de Belém.
A Encarnação de Deus tem como protagonistas não somente aqueles que estão dentro do povo escolhido e da cidade sagrada de Israel. Não são apenas os escribas, os fariseus, os sumo-sacerdotes e os reis que sentem o impacto e a luz da Criança recém-nascida. Os povos do outro lado do mundo, conhecedores das estrelas e dos astros, avistam algo diferente nos céus e, por isso, desejam descobrir qual é aquele Mistério.
Das inumeráveis luzes que há nos céus, os Magos decifram uma luz diferente. Aquela estrela brilhava e marcava a referência do lugar. Na luz mais brilhante, eles intuem que podem encontrar o sentido da vida e o caminho da saudável existência. Os filhos de outra terra saem do seu lugar, seguem a diferente Luz, encontram o menino de Belém e oferecerem-Lhe suas riquezas.
Os sábios homens nos ajudam a compreender que se quisermos realmente buscar, devemos ter a coragem de ir ao encontro das coisas que Deus nos mostra no caminho. Deus sempre se apresenta luminoso trazendo-nos sentido, transformação e mudança. Os Magos ensinam que podemos encontrar a Luz nas várias fases da nossa existência.
A luz de Cristo ilumina nossos raciocínios, culturas e sentimentos. A beleza da Epifania é saber que Deus se deixa encontrar por aqueles que O procuram com o coração sincero, livre e generoso. Ele se revela a quem, onde, como quer, e nos convida a surpreendermo-nos com sua revelação de amor.
Herodes é descrito como uma pessoa que não se movimenta, não sai do seu palácio, do seu mundo. Não se coloca a caminho, não sabe dialogar e, portanto, não é capaz de abandonar suas certezas e convicções. Ele é a única verdade de sua vida. A única referência de sua existência. Ele é o modelo daqueles que não se movimentam e preferem manipular os outros para continuar em seus mundos sombrios e cheios de incertezas. Herodes simboliza aqueles que nunca mudam. Aqueles que permanecem imóveis, intocáveis e incapazes de pensar diferente. A vulgaridade deste homem para conservar-se no poder mundano, faz com que ele ordene matar tantas “crianças”. Herodes pensou simplesmente que o Rei do Universo viria tomar seu poder mundano e temporal.
A Epifania é a celebração da luminosidade, da procura, do encontro e da pergunta: “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Os Magos não apenas procuraram, mas foram procurados. Eles não somente levaram seus presentes, mas receberam o Presente. Ao mesmo tempo que se aproximaram do presépio para contemplar o rosto daquela criança, conseguiram acessar a certeza mais profunda do coração humano: o Menino-Deus.
Deus feito homem, não é uma ideia, um conceito ou um pensamento, mas é criança frágil e pequenina como um de nós. Ele não está escondido ou intocável. Ele não nasceu nos palácios cercado de pessoas e detalhes preciosos. Ele não está colocado nos berços esplendorosos e nos valiosos panos de linho. Ele nasceu na estrabaria, cercado de animais. Ele está deitado na manjedoura, local onde os animais comem. Ele nos recorda que nasceu para ser alimento. Ele nos revela que a Encarnação é profundamente concreta, humana e real.
A Solenidade da Epifania nos ensina a descobrir o desejo de Deus em nosso coração. Afinal, sem desejo não há partida e nem chegada, não há sonhos e nem esperanças. Sem desejo ficamos quietos, fechados e mortos. Ele quer nos levar a descobrir o Deus-conosco, carne de nossa carne, frágil do nascimento até a cruz. Ele quer nos revelar sua força por meio do seu amor incondicional que nos dá salvação e iluminação diferente. Guiados pelas Escrituras de Israel, animados pelo sentido da salvação, acalorados com grande alegria vamos ao encontro da Criança Luz de nossas vidas. Assim como fez com os Magos, Ele nos encoraja a não voltar pelo mesmo caminho a fim de que “nossos Herodes” não descubram e não matem em nós, a Novidade encontrada.
Senhor, que a luminosidade de Teu mistério me ajude a experimentar a riqueza do projeto divino-humano. Ensina-me a sentir Teus sinais, vestígios e manifestações. Que eles possam me colocar num constante caminho de busca por coisas novas a fim de que eu possa vivenciar os Teus desejos em minha vida. Dai-me a coragem de não voltar pelo mesmo caminho, mas a descobrir caminhos diferentes que me levem à Tua Novidade.
LFCM.
Bom Dia Frei!! Paz e Bem!!
Gratidão por me enviar essas palavras q me ajudam a seguir sempre em frente , na busca de coisas novas q me levarão pra mais perto do Senhor.
Um Novo Ano de muitas saúde e Paz. 🤴🏾🤴🏼🤴🏿