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A onipotência da fragilidade

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • 25 de dez. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 6 de jan. de 2024

Neste dia celebramos o delicado mistério de um Deus que se faz homem. Com o nascimento do Menino de Belém, Deus assume rosto humano e o ser humano ganha o rosto divino. Deus é humano no meio de nós. Eis o mistério do Natal: o Altíssimo se faz baixíssimo, o Eterno se faz mortal, o Onipotente se faz frágil, o Santo se faz solidário com os pecadores, o Infinito se fez finito, o Invisível se fez visível.

Aqui está a maravilha do Natal: Deus se faz frágil para que o homem possa ser forte. Este admirável milagre nos comove e nos deixa sem palavras. Ele revela a beleza ilimitada e incondicional do amor e da ternura de Deus.

A profundidade do mistério revela na imagem de um frágil menino a Onipotência de um Deus Eterno. O Natal nos coloca diante do grande mistério e de um poderoso anúncio para a fé cristã: Deus se fez homem, amando-nos de tal modo que, se torna aquilo que nós somos para que nos tornemos aquilo que Ele é. O Filho de Deus como homem revela e possibilita o grande mistério: a divinização humana.


A partir de Jesus, tudo aquilo que é humano não é estranho a Deus: sentimentos e espaços, nascimento e morte, tempo e história, tentações e conflitos internos. Portanto, a beleza do cristianismo se configura sobre o modelo encarnado e vivente de Jesus de Nazaré, o Cristo. Isso implica que toda a referência a um modelo desencarnado não é cristão. A criança que nasce é a resposta de Deus ao desejo humano. É o Messias, o Cristo, o Salvador, o Emanuel, Deus-Conosco! Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz!


Deus se faz Menino para que os homens aprendam "a brincar" com Ele. É nisso que consiste a beleza da Encarnação: um Deus não distante do humano, mas tão próximo que se deixa ser visto na fragilidade de uma criança.

O Natal do Senhor lança-nos o desafio de reconhecer o esforço onipotente de Deus ao fazer-se criança. É a criança inocente deitada nas palhas que ativará a faísca da ternura e da delicadeza no interior de cada um de nós. Natal é tempo de expandir o humano, pois olhando o lado humano de Deus, necessitamos desejar ser "humanos" como Ele.

Deus assume forma humana não por causa do distanciamento causado pelo pecado, mas para que a criação atinja sua plenitude: “no momento em que o Filho de Deus assume a nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade. Ele, ao se tornar um de nós, permite que nos tornemos eternos”. É de dentro da humanidade que experimentamos o Divino. É a humanidade plena de Jesus que revela quem é Deus. Em sua plenitude, Jesus revela que podemos experimentar o que significa viver além do tempo e nos ensina a elevar-nos a uma humanidade de equilíbrio, justiça e piedade.


O presépio arranca as nossas ansiedades e ilumina, com sua luminosidade, nossas trevas interiores. Não podemos permitir que as imaginações irreais e as invenções superticiosas nos distanciem de Deus.

Nossas religiões não podem tornar Deus um ser opressivo e, paradoxalmente, anti-humano e desencarnado porque o Deus “cristão” é Encarnado. Ele não é uma ideia, um conceito ou um pensamento. Ele não está escondido ou intocável. A Encarnação não é abstrata ou conceitual, mas é carnal, profundamente, real. O Deus vivo e verdadeiro é encarnado, humano, real e tocável.

Deus se fez homem. O Invisível se fez Visível. O Eterno entrou no tempo. O Intocável permite ser tocado. A presença de Deus é revelada na fragilidade e não no poder, no ordinário e não no extraordinário, no humano e não no sobre-humano. Mortos seríamos para sempre, se Ele não tivesse nascido no tempo. Condenados estaríamos a uma eterna miséria, se não fosse o Natal do Senhor. Neste sentido, o projeto de Deus de ser próximo ao homem, muda toda a história e a divide em duas: antes e depois de Cristo. Seu primeiro suspiro marcou o início da nossa era. Estamos no “depois de Cristo”, por isso, é Ele quem faz a diferença. É o amor de Deus que muda a nossa história.


Fazei, Senhor, que acreditemos no poder do teu amor. Ensina-me a compreender que através de minha humanidade sou capaz de experimentar Tua divindade. Ajuda-me a reconhecer o teu esforço onipotente ao fazer-se criança para revelar a tua ternura. Que eu seja capaz de venerar o teu rosto humano nos tantos rostos que passam por mim.


LFCM

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