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Cristo é a semente do mundo

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • 12 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

A semente germinada e a pequena semente de mostarda ocupam o Evangelho de hoje. Duas pequenas parábolas. Vemos que na visão de Jesus os elementos do quotidiano estão cheios da sacralidade de Deus, revelando o divino e uma potente mensagem. A grandeza de Jesus é saber ver, observar e contemplar tudo aquilo que estava em torno a Ele.


Primeiro, o texto evangélico apresenta a parábola da semente germinada no quotidiano da história. Depois, apresenta a parábola da pequena semente de mostarda. O elemento principal das duas parábolas é a semente que morre, nasce, cresce e produz novos frutos. O papel do agricultor é secundário. Ele não semeia, mas joga a semente. Por isso, propomos para ler a segunda parábola no lugar da primeira.


A semente de mostarda é a menor de todas as sementes da terra. Quando é semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças. Ela é capaz de abrigar vida nos seus galhos. Percebemos que Jesus fala dele mesmo quando mostra o mistério dessa semente. Em Jesus podemos ver a pequena semente de mostarda.

Essa pequena semente é espelhada no mundo. Ela vai sendo germinada e vai crescendo no quotidiano da história. Aquele que jogou a semente não sabe como isso acontece, mas quando vê, a própria terra produziu os frutos. Visto de outro modo, no Calvário, o grão de trigo que caiu na terra e morreu, ressuscitou como árvore da vida.

O mistério da semente é a potência de morrer para fazer nascer. A debilidade é a força da semente, o romper-se é o seu poder. Lançada à terra para produzir fruto, a semente cresce independentemente dos desejos apressados. Cresce sem que, de início, nada se perceba. A semente morre escondida na terra.

A eficácia deste momento está no encontro da potência da semente com a potência da terra. Acreditar na força e na vitalidade da semente nos coloca diante de um paradoxo: não somos os protagonistas da construção do Reino no mundo. De pouco em pouco, vamos percebendo que alguma coisa está sendo transformada.

Dessa maneira, a eficácia não está no controle do tempo e nem no domínio do espaço. A transformação não é local, momentânea e não se refere apenas ao protagonismo de um sujeito, mas é um conjunto de fatores graduais e globais. A transformação é invisível, mas eficaz. Saber da nossa inatividade na construção do Reino nos permite renunciar aos melindres apologéticos, as defesas que não precisam de defesas e as infinitas estratégias pastorais. De fato, há uma dinâmica que o semeador não pode determinar e deve renunciar a tentação de fazê-la.


Na parábola vemos a paciência de Deus e a sua capacidade de esperar o tempo da colheita. Ele sabe que a semente plantada no solo do mundo é o seu Filho. Diante da força dessa semente é preciso ter consciência de que não podemos apressar o tempo da germinação. O Reino é de Deus e não nosso. Tem sua própria lógica, seu próprio tempo e sua própria dinâmica muitas vezes ignorados por nós. O Reino de Deus não é produto do homem, não é fruto do seu esforço, não segue a lógica da eficácia e da visibilidade que muitas vezes condiciona o nosso estilo de vida cristã. Com efeito, o Reino de Deus é um Reino que não se impõe com a lógica da força, mas com a lógica da fraqueza.

Diante disso, o raciocínio de Jesus é simples e eficaz. Seu objetivo é inspirar alegria e otimismo. O Reino de Deus cresce no mundo de maneira misteriosa, surpreendente, revelando sua vitalidade vitoriosa e o poder escondido do pequeno grão. É uma realidade humanamente pequena, de aparência irrelevante, mas que cresce de forma progressiva.

Com isso, hoje as duas parábolas nos convidam a superar os nossos projetos, os nossos cálculos e as nossas previsões. Convidam-nos para abrir-nos com mais generosidade aos planos de Deus, não obstante os dramas, as injustiças, os sofrimentos que encontramos. Deste convite podemos ter a certeza de que a semente do bem e da paz germina e se desenvolve. Esse é o projeto do amor misericordioso de Deus quando jogou a semente do seu Filho no mundo.


LFCM.

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