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O Artista de Deus

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • 18 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de mai. de 2024

O ministério de Jesus é dado aos seus discípulos para que comuniquem a experiência de um Deus de bondade e contagiem o mundo com um novo estilo de vida centrado no modo de viver e de agir do Evangelho. Na missão dada aos discípulos está o pedido de que sejam continuadores da promessa e de que sejam capazes de libertar o mundo da sedução do mal.

Os discípulos são portadores da vida divina, ressuscitadores da esperança e profetas da salvação. Sendo capazes de falar nova língua, conjugam os verbos amar e perdoar, dilatando o dom incondicional da misericórdia e do amor divino.

Os discípulos entram na arte de Jesus. Eles devem ser artistas como o Messias fazendo a arte do Cristo. A arte do Messias é a mudança das estruturas adoecidas e envelhecidas. A arte do Cristo é curar corações oprimidos por essas estruturas. Ao libertar as estruturas e ao curar os corações, Jesus inicia um tempo novo de salvação, libertação e pacificação. Somente a presença do Espírito de Deus permite com que o Cristo faça nova todas as coisas.

O Espírito do Pai, verdadeiro artista do universo, é o autor da arte de Jesus. Nesse sentido, o Espírito Santo vem para defender os discípulos de toda a arte desumana. O Espírito dá testemunho do amor de Deus por nós e, como Advogado, defende-nos de uma vida sem amor, sem paixão, sem esperança, sem movimento, que se arrasta cansadamente para a mediocridade.

Não esperamos o cumprimento de uma nova promessa ou clamamos por um novo dom, mas celebramos a vida do Espírito que anima a Igreja, a partir da certeza da Ressurreição, e que dá a certeza da permanência de Jesus entre nós. O Espírito Santo não traz um ensinamento diferente, mas torna vivo e concreto o ensinamento de Jesus. Ele exerce a função de ensinamento e de memória: “o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo quanto vos tenho dito”. As palavras de Jesus dão vida somente quando o Espírito pronuncia essas palavras, falando bem ao nosso coração.


A plenitude da Páscoa é o Pentecostes. O dom pascal, por excelência, é o Espírito Santo. Ele ressuscitou o Cristo, fez ressurgir o coração amargurado e desiludido dos discípulos, deu vida à missão da comunidade primitiva. Na experiência do dom pascal gratuito, o Espírito transforma o dom em tarefa, em testemunho e em forma de vida.

Dessa forma, Pentecostes não é apenas o último dia do tempo pascal, mas o início do tempo novo, do tempo do Espírito. A comunicação de vida que se realiza através do Espírito não é intelectual e nem intimista; não é cerebral ou espiritual. A comunicação realizada pelo Espírito é vital e corporal: do corpo do Ressuscitado ao corpo dos discípulos formando o corpo da Igreja. A ação do Espírito une o indivíduo à comunidade, juntando o diferente e proporcionando a comunhão.

A beleza com que Deus vê todas as coisas criadas é fruto do Espírito. Ele ordena o caos, estabelece o tempo e gera o homem. Na ordem, no tempo e no homem está a revelação do artista de Deus: o Espírito Santo. Ele é o sopro que vivifica, anima, restaura e congrega. O Espírito de Deus nos liberta dos determinismos antigos, dos fundamentalismos perversos e das ultrapassadas metodologias. É Ele quem nos permite experimentar a verdadeira liberdade para amar e sermos amados. É o Espírito quem realiza os sonhos e os projetos do Pai. Ele inventa, sacode, faz nova todas as coisas dando vida ao inesperado e abrindo as portas do impossível.


Nas diferentes atividades, na diversidade de dons e de ministérios, o Espírito realiza todas as coisas. Esta manifestação do Espírito, em vista do bem comum, forma um corpo vivo e atuante.

No entanto, o movimento desse corpo, depende do próprio Espírito que cura as “juntas” que não funcionam, que faz circular o “sangue” que esfriou, que abre as “mãos” que se fecharam e que move as “pernas” que não são capazes de caminhar.

A arte do Espírito tem o poder de nos fazer perceber a verdade inspiradora e criativa que não oprime, não escraviza e não limita. Olhar o Espírito é reconhecer o mover e a criatividade de Deus que não tem uma letra pesada, sufocante ou assassina, mas que nos impele a anunciar uma Palavra que vivifica, liberta e transforma.


O Pentecostes é o constante e atual convite a nos deixar ser moldados pelo Artista do Amor. Ele traz consciência de quem somos, das mudanças que desejamos e da transformação que almejamos. Ele nos forma para o Amor e para receber o Amado. Ele tem a melhor possibilidade, pois libera recursos sublimes em nosso interior abrindo-nos as portas que nos aprisionam. Ele sempre nos permite ir mais além e nos traz mais do que precisamos ou ousamos pedir. Celebrar o Pentecostes é vivenciar a bela arte do Espírito: arte nobre, cheia de vida e plena de amor. Esta festa nos oferta uma surpreendente forma de olhar, uma chave nova para interpretar a vida e uma audácia corajosa para enxergar à Igreja. Tocados pelo Artista do Amor, nos tornamos a arte de Deus aprendendo ver beleza naquilo que somos e sendo beleza na vida dos outros.

 

 

Senhor, permita-me a entrar na arte de Jesus. Que o Teu Espírito me defenda de toda a arte desumana. Ajuda-me a reconhecer o Teu mover e a Tua criatividade para ser anunciador da Palavra que vivifica, liberta e transforma. Forma-me para o Amor e para receber o Amado. Ensina-me a ver beleza naquilo que sou e a ser beleza na vida dos outros.

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