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A visão da Vida Eterna

  • Foto do escritor: Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
    Frei Luis Felipe C. Marques, ofmconv.
  • 15 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de mar.

No início do tempo da Quaresma, vivenciamos duas dinâmicas do Espírito: a da contemplação do rosto humano de Deus no deserto e a da contemplação do rosto divino do homem no monte Tabor. O Espírito leva Jesus ao deserto e Ele é tentado pelo diabo. Após a tentação, Jesus sobe ao monte e experimenta a glória da transfiguração.

O deserto é o lugar da solidão, do encontro consigo mesmo e da reconciliação com as dimensões da existência. O monte Tabor é o lugar da comunhão e da relação com o projeto amoroso do Pai. Nesses dois espaços, a voz de Deus foi revelada e ouvida.

Alguns dias, após o anúncio da morte de cruz, aos seus discípulos, Jesus subiu à montanha para rezar levando consigo Pedro, Tiago e João. A escolha desses três discípulos não foi feita a partir dos privilégios ou dos méritos pessoais de cada um deles. Nem mesmo pela profissão de fé de Pedro. Pelo contrário, os três eram os mais rebeldes, os mais influentes e os mais persuasivos do grupo dos apóstolos. No monte, Jesus foi transfigurado diante desses três discípulos. Seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz. A experiência de Pedro, Tiago e João foi singular, capaz de resumir num só instante a divindade e a humanidade do Filho. Eles tiveram a oportunidade de verem e experimentarem, antecipadamente, a vida eterna.


Os discípulos nunca haviam visto o rosto de Jesus radiante, lúcido e iluminado. Jesus foi transfigurado e permitiu com que seus discípulos pudessem ver algo além do que os olhos humanos pudessem ver, reconhecer e entender. Ao sentir-se amado pelo Pai, Jesus revela sua paixão, na iluminação do Seu rosto. O rosto mudado e as vestes transformadas revelam a beleza de um homem que unifica seus desejos e suas vontades com o Criador. Ele sentindo-se amado pelo Pai transfigurou Sua motivação, Seu entusiasmo e Sua energia. Nesse sentido, podemos afirmar que Jesus é o homem apaixonado por Deus e pelas pessoas, pois com seus gestos e palavras, Ele revelou a face do Deus-Amor.


A Transfiguração é uma consequência da Encarnação. Ela não é um evento extraordinário, distante do humano, mas uma manifestação humana que transparece a expressão divina. Assim, Jesus nos apresenta a possibilidade por nossa humanidade de nos tornarmos divinos. Ele desce do monte porque Seu relacionamento amoroso com Deus é tão forte quanto Seu relacionamento com as pessoas.

O mistério de Deus é o mistério do Amor e do Amado. Esse mistério sempre nos transforma, muda a nossa aparência, nos faz vibrar paixão e gratidão. Jesus habita fortemente o mistério do amor de Deus. Por isso, Sua aparência é modificado. Somente somos capazes de amar e de sentir o amor de Deus, quando habitamos Seu mistério e reconhecemos Sua voz.

O mistério de Deus sempre nos supera. Sua voz sempre amplia nossos olhos. Seu amor sempre abre nossa mente e alarga nosso coração. A voz divina nos toca e desperta em nosso interior a coragem. Ela ativa nossa identidade fazendo-nos voltar à nossa essência, reconstruindo nossa dignidade e conectando-nos com nosso ser profundo. Somente quando nos sentimos amados por Deus conseguimos vivenciar nossa fé e nossa missão. Nossa transfiguração acontece quando deixamo-nos ser visitados pelo mistério do Amor. Quando ouvimos a voz que nos chama para sair de nós mesmos, sonhando alto e não tendo medo do que Deus nos preparou para a vida eterna.


Este é o grande ensinamento da Transfiguração: recordar que somos amados por Deus e renovar nossa paixão por Seu projeto de amor. Transfigurar é apaixonar-se constantemente por Deus e por tudo aquilo que Ele fez e continua fazendo por nós e em nós. Se no primeiro domingo do tempo da Quaresma, o espaço simbólico significativo foi o deserto, lugar do convite à conversão. O segundo domingo do tempo da Quaresma, traz-nos o monte, lugar da iluminação das trevas do nosso coração. É, somente, subindo o monte que somos capazes de nos distanciar das coisas cotidianas a fim de nos conectar com Deus-Pai recordando de que somos amados por Ele e sentirmos Seu amor e Sua consolação pela força da Sua voz.

 

 

Mestre, desejo apaixonar-me pelo teu projeto salvífico. Dai-me a graça de sentir-me amado e querido por Ti. Renova em mim, o entusiasmo, a motivação e a energia para a missão. Transfigure minha humanidade para que eu unifique meus desejos e minhasvontades com as do Criador. Amém!

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1 Comment


Marcia Severo
Marcia Severo
Mar 16

Gratidão Frei por me enviar palavras de esperança ao saber q o Senhor me ama. Tb desejo a graça de estar sempre a fazer a vontade do Senhor. Paz e Bem.

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